CAPITULO: “QUANDO
ATUAR É UMA ARTE”
Após a primeira prova, todos os alunos foram convocados
para ouvir as criticas do diretor em relação ao desempenho de todos. Kóstia
havia sido elogiado pela sua representação quando disse: “sangue, Iago,
sangue”! Este momento foi pertencente á arte de viver um papel, porém, o
restante de sua cena ficou vago sem vida, apenas esperando a inspiração surgir.
No momento onde tinha obtido um bom resultado em sua
cena, kóstia, atuava inconsciente e intuitivo, porém, o intuitivo e
inconsciente pode ser bom quando a intuição o leva pela estrada certa, e má
quando ela se engana. É bom quando o ator subconsciente e intuitivamente se
deixar levar pela peça. Ele vive o papel, independente de sua vontade própria,
sem notar como se sente, sem se dar conta do que faz e tudo se encaminha por
conta própria. O subconsciente é inacessível ao nosso consciente. Espera-se que
se crie por inspiração. Só o subconsciente nos dá inspiração, porém, só podemos
usá-los pelo consciente que o mata.
A solução para maiores possibilidades de fluxos de inspiração
encontra-se em um processo indireto. Criar conscientemente e certo é o melhor
meio de se abrir caminho para o florescimento do inconsciente, que é a
inspiração. Quanto mais se cria conscientemente, maiores são as possibilidades
de inspiração. “Pode-se representar bem e
pode-se representar mal. O importante é representar verdadeiramente”. A
verdade cênica é de extrema importância. “Representar
verdadeiramente significa estar certo, ser lógico, coerente, pensar, lutar,
sentir e agir em uníssono com o papel.” Adaptar esses processos internos á
vida espiritual e física da pessoa que seria representada é viver o papel.
Viver o papel é de máxima importância para o trabalho criador.
O diretor comenta com seus alunos sobre alguns tipos de
atuação que não se valem do trabalho criador. Na atuação forçada os atores
geralmente não conseguem manter a energia durante todo o espetáculo, pois,
faltam reservas físicas, nervosas e emocionais. Valem-se dos momentos de
inspiração, mas se ela não vem à atuação torna-se sem vida e com exagero. Na
arte da representação o ator vive o papel como preparativo de uma forma
exterior, apenas. Segundo Tórtsov, em nossa arte é preciso viver o papel a cada
instante que o representamos e em todas às vezes. Neste momento Paulo menciona
que usou o espelho, com o objetivo de verificar se os seus sentimentos estavam
se refletindo exteriormente. O diretor fala do cuidado que se deve ter, pois, o
espelho ensina o ator a ver antes o exterior do que o interior da alma e do
papel.
É de extrema importância saber o que está sentindo em
cena. O Diretor fala sobre atuação mecânica: apresentar o papel por meio de
ilustrações convencionais. Inicia onde a arte criadora acaba. Na atuação
mecânica não há lugar para o processo vivo, suas origens e processos são
chamados de “carimbos”. Eles representam toda a espécie de sentimentos por meio
de recursos exteriores. São os “Clichês” estabelecidos. Existem diversos
métodos mecânicos que podem ser facilmente adquiridos por meio de exercícios
constantes.
O diretor faz uma critica a uma aluna chamada Sônia, que
estava usando a arte como forma de exibicionismo. Fala sobre o artista que
utiliza a arte como ferramenta para alcançar popularidade ou sucesso exterior,
ou para fazer carreira. “você tem de
decidir de uma vez por todas: veio aqui para servir á arte e fazer sacrifícios
por ela ou para explorar seus próprios fins pessoais?”
Após ouvir as explicações e criticas de Tortsov, Kóstia
diz que a prova que fizera foi prejudicial. Tortsov protesta, pois, só havia
falado o que não devem fazer em cena. Após a discussão o diretor anuncia que
iriam dar inicio a atividades regulares para o desenvolvimento da voz e do
corpo. “Essas aulas serão diárias Porque
o desenvolvimento dos músculos do corpo humano requer exercício sistemático e
cabal e muito tempo.”
Licenciada em teatro pelo Instituto Federal do Ceará
Email: marlynha96@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário