Como estrelas na terra é um filme indiano do
ano de 2007, mais que não deixa de ser importante para atualidade. Apesar de ser indiano, o filme traz questões
que existem em vários países. Por isso, a importância de analisar e perceber
que os problemas que acontecem em determinada cultura, podem acontecer em
outras etnias.
O filme mostra a vida de Ishaan Awasthi; um
garoto de nove anos que tem dislexia. O garoto era incompreendido pela família
e pela escola. Todos o chamavam de burro, por ter dificuldade na leitura e na
escrita. Porem, ninguém sabia que ele era disléxico, e isso o torna agressivo
trazendo um grande sofrimento.
Ishaan se dava muito mal nas matérias
chamadas de “principais”; línguas e matemática (como se as outras meterias
fossem menos importantes). Entretanto se destacava em Artes, possuía uma
inteligência brilhante e uma criatividade infinita. Desenhava muito bem, mas
era visto como um garoto preguiçoso devido sua dificuldade na escola.
Seu irmão sempre era considerado o melhor da
turma obtendo notas altas, e Ishaan era cada vez mais cobrado nos estudos; na
escola e em casa pela família. Porem o ato de sufocar o garoto para aprender,
não o tornou o melhor da turma e nem tão pouco uma pessoa feliz.
Trazendo a história do filme para a sociedade
na qual vivemos uma pessoa só é inteligente se for genial em matemática, por
exemplo, para ter destaque nos cursos de engenharia, administração e outros
cursos na área das exatas que são muito mais valorizados do que Artes
plásticas, Música, Teatro etc.
As pessoas acham que a inteligência está
relacionada diretamente ao raciocínio lógico, ao excelente desempenho na área
das exatas e cálculos. Porem, ao estudar o conceito de inteligência nos
deparamos com a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner, um grande
psicólogo. É importante assistir o filme e pesquisar sobre essa teoria, para fazer a relação entre ambos.
Toda criança tem um talento para algo. Uma
facilidade para se desenvolver mais em uma matéria do que em outra. No caso de
Ishaan, sua facilidade estava em desenvolver a “inteligência espacial” devido
seu talento em criar, imaginar, desenhar e pintar.
A família de Ishaan leva-o para um colégio
interno, com o propósito de ver o garoto sair do colégio aprendendo a ler e
escrever. Entretanto, os professores do novo colégio não tinham um método de
ensinar eficiente para o garoto. Chamavam-no de burro, os professores batiam na
criança etc. O garoto foi se tornando cada vez mais triste e solitário.
Mais a
frente aparece um professor substituto (que ensinava em uma escola para
crianças especiais), com uma metodologia de ensino diferente, sem pressionar os
alunos a aprenderem e trazendo a Arte para a sala de aula de uma forma
divertida e libertadora. Esse professor descobre que o Ishaan tem dislexia e
resolve contar para a família da criança.
Será que um professor de uma escola normal
não teria a capacidade de descobrir uma dislexia no aluno? Essa é uma questão a
ser pensada e discutida principalmente no Brasil. Além disso, o filme mostra
que a dislexia não significa burrice.
É muito interessante que o professor na sala
de aula fala de grandes mestres criadores que eram disléxicos: Einstein,
Leonardo da Vinci etc. Isso serve como forma de incentivo para o aluno. O
professor substituto passa a ensinar o garoto de uma forma especial, diferente,
fazendo com que o aluno aprendesse a ler e escrever, criando uma relação de
amizade.
Na última parte do filme, o professor cria um
evento na escola. Acontece um campeonato de desenho e o grande vencedor foi
Ishaan. O filme traz várias verdades que infelizmente acontecem na atualidade:
os alunos com diversas deficiências são colocados em escolas normais, e
infelizmente na maioria das vezes as escolas regulares e os professores não
estão preparados para essa mudança.
A teoria de Gardner traz a reflexão de novas
alternativas para as práticas educacionais tendo como foco a criança, com
avaliações que sejam adequadas a diversas habilidades humanas. As escolas
sempre dizem que “preparam os alunos para a vida”, porem a vida não se limita
apenas a raciocínios verbais e lógicos.
Marla Gomes Licenciada em teatro pelo Instituto Federal do Ceará.
